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30 de novembro de 2011

USP: O que está em jogo na assembleia de hoje?

Estudantes da USP que militam na Esquerda Marxista distribuirão um panfleto com o texto abaixo na assembleia geral dos estudantes em greve que está convocada para hoje (30/11) às 18h na ECA.



Aos estudantes da USP reunidos em assembleia nesta quarta


Enquanto escrevíamos este panfleto tínhamos um prognóstico: a assembleia de hoje (30/11) na ECA vai ser menor do que as anteriores desde a assembleia na FFLCH (08/11) que decretou corretamente a greve estudantil imediata. Gostaríamos de estar enganados.

Já vimos na última assembleia geral (Poli 23/11) uma redução considerável do número de estudantes presentes. E já explicamos em outros panfletos: “Há um grande contingente de estudantes que não entra em greve por estar ameaçado pelo calendário de provas de fim de ano. Se os professores entrassem em greve ou ao menos flexibilizassem o calendário de provas e trabalhos, a greve certamente daria um salto”.


E propusemos: “O Comando de Greve deve receber mandato da Assembleia Geral dos Estudantes para se dirigir à Adusp e ao conjunto dos professores com a consigna: Nenhum professor da USP que defenda os preceitos básicos da democracia deve aceitar ministrar uma aula sequer enquanto o campus estiver sob o controle da PM – que nada mais é do que um bando de homens armados sob as ordens de Rodas. Greve dos professores já!”

Já estamos há 20 dias propondo isso. Em um de nossos panfletos, reproduzimos a declaração de 5 professores da FFLCH e 1 da ECA que serviria de forte ponto de apoio para nos dirigirmos ao conjunto dos professores. Mas nem o DCE, nem o Comando de Greve se mobilizam nesse sentido. Pelo contrário, o que todos pudemos presenciar na semana passada, justo numa assembleia realizada na Poli (que deveria ser exemplar para atrair os estudantes dos cursos da Poli para o movimento grevista), foi uma briga de torcidas para ver quem terá o poder de organizar a calourada em 2012: o DCE ou o Comando de Greve. Mais de uma hora com repetidas votações sobre isso só afastou estudantes do movimento (não só estudantes da Poli, mas de todas as faculdades). Resultado: dispersão e refluxo.

De quem é a culpa? É claro que de um modo geral, a responsabilidade é de todos os que estavam presentes na assembleia, é do conjunto. Mas os que dirigem o DCE e os que foram eleitos para o Comando de Greve (em especial os que estavam na mesa da assembleia) têm responsabilidade muito maior. E nenhum estudante da USP é idiota, todos sabem do que se trata: Há dois blocos disputando poder no movimento – de um lado a atual direção do DCE (PSOL) e PSTU que conversam para montar chapa juntos para as próximas eleições do DCE; e do outro lado os grupos que conversam para montar chapa de oposição à atual gestão do DCE (LER-QI, MNN, PCO, etc). Acontece que a maioria dos estudantes não está representada nessa disputa. Os estudantes não querem saber agora quem vai ter mais votos nas próximas eleições do DCE. O que os estudantes querem saber é: Como faremos para que o nosso atual movimento de greve imponha a saída da PM do Campus, a derrubada de Rodas e arranque uma Estatuinte da USP para que toda a comunidade universitária possa formular um estatuto realmente democrático com mecanismos de resistência à privatização da universidade.

Sabemos que as divergências entre esses grupos políticos que hoje estão à frente do movimento na USP não serão resolvidas. Não temos ilusão que do dia para a noite, PSOL, PSTU, LER, MNN e PCO vão se abraçar e agir juntos em prol dos interesses mais urgentes dos estudantes. E cada um desses grupos pode fazer o que bem entender. É direito deles. Mas, o mínimo que deveriam fazer é agir em frente única. Se todos têm em comum a bandeira “Fora PM” o que podem fazer juntos para que a soma de suas forças seja maior do que a simples soma das partes num movimento amplo? O Comando de Greve deveria ser um espaço para isso: onde, independente das diferenças políticas, todos somassem esforços para alcançar os objetivos comuns.

Infelizmente, a última assembleia atestou a incapacidade de todos esses grupos de agir em frente única. Os únicos que foram dormir satisfeitos naquela noite nublada de quarta-feira, 23/11, foram Rodas e seus asseclas. Aliás, Rodas está apostando na incapacidade desses grupos políticos de agir conjuntamente, para que o movimento seja vencido pelo cansaço.

Na assembleia de hoje os estudantes estão chamados a superar esse tipo de obstáculo. O primeiro sinal de manobra da mesa para enrolar e estender a assembleia sem dizer respeito ao que fazer agora para fortalecer a greve, deve ser combatido com proposta de troca da mesa da assembleia. Se sairmos derrotados, esperamos que ao menos sirva de experiência para um grande número de estudantes e que os prepare melhor para o próximo afluxo do movimento – que provavelmente irá refluir depois de tantas assembleias manobradas e com a pressão das provas de fim de ano e as férias que estão por vir. Nada mais pode ser exigido dos estudantes que foram ao centro da cidade, protestaram, foram à Av. Paulista, desafiaram seus professores, negociaram entregas de trabalho e provas. Demonstraram grande disposição de luta. Mas os que se propõem direção do movimento não souberam ou não quiseram desenvolver isso.

Combater agora para tirar o máximo do potencial deste movimento e aprender com os vacilos e erros para recomeçarmos o movimento em 2012 melhor preparados – essa é nossa tarefa. Nós estudantes temos as condições de sairmos vitoriosos, com a condição de não nos deixarmos manobrar e não perdermos de vista os eixos que nos colocaram em movimento de maneira tão poderosa como não se via há muito tempo: Fora PM do Campus! Nenhuma punição aos estudantes! Fora Rodas! Estatuinte Soberana! Venceremos!

Célula de estudantes da USP da Esquerda Marxista


Leia também:
24/11: Aonde vão as assembléias da USP?
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