Recebemos a carta abaixo do Cazaquistão.
A carta contém um apelo importante em nome dos trabalhadores que têm lutado em condições muito difíceis, durante os últimos sete meses. A mídia ocidental, que é muito rápida para denunciar os regimes autoritários na Líbia e na Síria, tem mantido um silêncio vergonhoso sobre a situação do Cazaquistão, país rico em petróleo. Conclamamos a classe trabalhadora internacional para expressar sua solidariedade com os trabalhadores do Cazaquistão que estão lutando por seus direitos. Obviamente as apreciações políticas inscritas na carta, como a frase: “Mudou-se drasticamente a política soviética de construção do socialismo e aproximou-se do capitalismo”, é fruto da imensa confusão estabelecida nos países que compunham a ex-URSS. Mas isto não tira da carta sua força e a necessidade de solidariedade imediata.
“Após o colapso da União Soviética, o perfil do Cazaquistão foi apresentado como um dos mais ricos estados do mundo em petróleo e outros recursos, com potencial industrial importante.
O Cazaquistão se tornou independente. A burocracia do antigo partido, liderada pelo presidente vitalício do Cazaquistão Nursultan Nazarbayev, chegou ao poder. Mudou-se drasticamente a política soviética de construção do socialismo e aproximou-se do capitalismo.
Esta foi uma verdadeira tragédia para o povo. Nos primeiros anos da independência começou um programa de privatização em massa das indústrias estratégicas. Milhões de trabalhadores perderam seus empregos, milhões de pessoas emigraram. Fábricas, oficinas e reservas de petróleo e gás, foram vendidos às empresas multinacionais com a manipulação dos funcionários corruptos dos governos locais. Explorou-se a classe trabalhadora e destruiu-se a economia do Cazaquistão.
Os altos preços do petróleo nos mercados mundiais e alto nível de desemprego paralisaram o movimento operário de protesto. Parte das receitas do petróleo se destinaram ao orçamento do Estado, mas também aos corruptos dos clãs de Nazarbarv. O dinheiro restante foi usado para subsidiar a burocracia e construir uma máquina repressiva que transformou o Cazaquistão em uma ditadura autoritária.
Projeto megalomaníaco da Nova Astana construída no meio do deserto. |
Nazarbayev também patrocinou a criação de um poderoso lobby na Europa e nos EUA, o qual contribuiu em apresentar o Cazaquistão como um país próspero e estável, especialmente em contraste com o vizinho Afeganistão. O Ocidente "democrático" estabeleceu relações estreitas com o sistema de partido único, que realiza a repressão dos sindicatos livres, os quais foram substituídos por sindicatos "amarelos" colaborando com a patronal contra os trabalhadores.
Em maio de 2011, os trabalhadores de grandes empresas como "Karazanbasmunay" e sua filial industrial "Ozenmunaigaz", localizada na cidade de Zanaozen no oeste do Cazaquistão, finalmente, perderam a paciência e se levantaram contra os chefes que lhes havia obrigado a trabalhar em condições desumanas, com salários baixos. Os trabalhadores petroleiros declararam greve de fome e logo os trabalhadores de outras empresas da região juntaram-se a eles.
Centenas de trabalhadores começaram, valentemente, ir à greve. Os patrões se recusaram a negociar com os trabalhadores e, desde o princípio,acusaram a greve de ilegal. As demandas para transformar as condições sociais e aumentar os salários dos trabalhadores foram descritas como"injustificadas".
Centenas de trabalhadores começaram, valentemente, ir à greve. Os patrões se recusaram a negociar com os trabalhadores e, desde o princípio,acusaram a greve de ilegal. As demandas para transformar as condições sociais e aumentar os salários dos trabalhadores foram descritas como"injustificadas".
Os líderes dos trabalhadores foram vítimas da repressão. Natalia Sokolova, advogada do sindicato independente "Karazanbasmunay", foi condenada a seis anos de prisão. Em Zanaozen, alguns trabalhadores em greve foram assassinados e outros foram alvo de provocações.
Os trabalhadores perderam a paciência e foram com suas famílias e simpatizantes para a praça central da cidade com o nome simbólico de "independência". Cerca de 5000 pessoas participaram desta ação. Foi o maior protesto operário na história do Cazaquistão. As autoridades temiam que as demandas sociais pudessem rapidamente se transformar em exigências políticas. Começaram a despedir trabalhadores em massa. Os meios de comunicação receberam ordens para silenciar esses eventos.
Atualmente, são sete meses desde que, milhares de desempregados, junto com crianças pequenas e idosos chegaram na praça, exigindo uma resposta às suas justas reivindicações. A comida está acabando, famílias inteiras perderam sua renda e estão enfrentando a fome. Os filhos dos trabalhadores deixaram de ir à escola.
Alguns sindicatos internacionais enviaram cartas às autoridades pedindo-lhes para explicar a situação dos trabalhadores petroleiros em greve. Entre eles estava Manfred Vada(ICEM Secretário-Geral) e Ierki Rein (Secretário-Geral do IFM - Federação Internacional dos Metalúrgicos). Mas, o governo Cazaquistão os engana com desinformação.
Até o momento, os diretores de empresas e as autoridades têm se negado a negociar com os trabalhadores. A situação mudou diante das supostas "eleições parlamentares". Estas eleições estão programadas para serem realizadas em 15 de janeiro de 2012 e o regime declarou que está disposto a conversar com os trabalhadores. Eles dizem que estão prontos para devolver aos seus postos todos os trabalhadores demitidos, mas ainda se recusam a aumentar os salários ou fornecer garantias sociais.
Os trabalhadores acreditam na vitória! A verdade do seu lado!
A solidariedade internacional dos trabalhadores e dos sindicatos é necessária!
Os Trabalhadores no Cazaquistão estão agora sozinhos na luta, mas vocês podem ajudar camaradas!”
Modelo de cartas de protesto:
Nós [nome da organização], queremos protestar contra a repressão brutal de trabalhadores no Cazaquistão. Exigimos:
- Reintegração imediata de todos os trabalhadores demitidos;
- Aumento dos salários;
- Melhores condições de trabalho.
- Libertação imediata de Natalya Sokolova, advogada do sindicato independente de Karadzanbasmunay.
Assinatura:
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Envie-nos sua mensagem de solidariedade que faremos chegar aos trabalhadores em greve através da Corrente Marxista Internacional (CMI)
Enviar para: contato@marxismo.org.br
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Alguns dados sobre a ditadura com fachada democrática no Cazaquistão retirados da WEB:
- CAZAQUISTÃO -
DADOS PRINCIPAIS:
Nome oficial: República do Cazaquistão (Qazaqstan Respublikasy).
Nacionalidade: cazaque.
Data nacional: 25 de outubro (Proclamação da República).
Capital: Astana.
Cidades principais: Almaty (ex-Alma-Atá) (1.064.300), Qaraghandy (452.700), Shimkent (393.400), Pavlodar (326.500) (1997)
Idioma: cazaque (oficial), russo.
Religião: islamismo (maioria sunita), cristianismo (minoria).
GEOGRAFIA:
Localização: centro-oeste da Ásia.
Hora local: +9h.
Área: 2.717.300 km2.
Clima: árido frio.
Área de floresta: 105 mil km2 (1995).
POPULAÇÃO:
Total: 16,2 milhões (2000), sendo cazaques 42%, russos 37%, ucranianos 5%, alemães 5%, outros 11% (1996).
Densidade: 5,96 hab./km2.
População urbana: 56% (1998).
População rural: 44% (1998).
Crescimento demográfico: -0,4% ao ano (1995-2000).
Fecundidade: 2,3 filhos por mulher (1995-2000).
Expectativa de vida M/F: 63/72,5 anos (1995-2000).
Mortalidade infantil: 35 por mil nascimentos (1995-2000).
IDH (0-1): 0,754 (1998).
POLÍTICA:
Forma de governo: República com forma mista de governo.
Divisão administrativa: 14 regiões e a capital.
Principais partidos: da União Popular (Snek), Socialista do Cazaquistão (SPK), Democrático do Cazaquistão.
Legislativo: bicameral - Senado, com 47 membros (7 indicados pelo presidente e 40 eleitos por assembléias regionais); Assembléia, com 67 membros eleitos por voto direto para mandatos de 5 anos.
Constituição em vigor: 1995.
ECONOMIA:
Moeda: tenge.
PIB: US$ 22 bilhões (1998).
PIB agropecuária: 9% (1998).
PIB indústria: 31% (1998).
PIB serviços: 60% (1998).
Crescimento do PIB: -6,9% ao ano (1990-1998).
Renda per capita: US$ 1.340 (1998).
Força de trabalho: 7 milhões (1998).
Agricultura: frutas, beterraba, algodão em pluma, trigo, cevada, batata, outros legumes e verduras.
Pecuária: eqüinos, bovinos, ovinos, aves.
Pesca: 41,4 mil t (1997).
Mineração: minério de ferro, cobre, minério de zinco, cromita, carvão, chumbo.
Indústria: metalúrgica, petroquímica, alimentícia, máquinas, produção de energia (carvão).
Exportações: US$ 5,3 bilhões (1998).
Importações: US$ 4,2 bilhões (1998).
Principais parceiros comerciais: Federação Russa, Alemanha, Reino Unido, China, Itália, Suíça.
DEFESA:
Efetivo total: 55,1 mil (1998).
Gastos: US$ 488 milhões (1998).
RELAÇÕES EXTERIORES:
Organizações: Banco Mundial, CEI, FMI, ONU.
Embaixada: Tel. - Washington D.C., EUA. - Não há embaixada no Brasil.
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