Milhares de manifestantes protestaram neste sábado nos Estados Unidos contra a lei que criminaliza a imigração ilegal no Arizona. A Lei SB 1.070 autoriza a polícia estadual a exigir documentos e interrogar indivíduos sobre sua situação no país se houver qualquer "suspeita razoável" de ilegalidade. As maiores passeatas, num 1 de Maio ensolarado de primavera, foram organizadas nas cidades de Los Angeles, Phoenix, Dallas, Milwaukee, Chicago e Washington. Mas as manifestações ocorreram em cerca de 70 cidades do país, como meio de pressão para a revogação da lei assinada no último dia 23 pela governadora Jan Brewer, com prazo de 90 dias para entrar em vigor.
Em meio aos protestos em Nova York, o líder sindicalista John Delgado disse que a polêmica lei "acordou um gigante adormecido". Em Phoenix, os manifestantes soltaram pombas e centenas de balões brancos no céu. A passeata teve direito a performance de dançarinas astecas, com contínuos apelos de boicote econômico ao estado do Arizona.
Em Los Angeles, milhares saíram às ruas na marcha que tinha como palavras de ordem "Todos Somos Arizona" e "Obama, escuta, estamos na luta". Cartazes acusando a nova lei de "racista" e "inconstitucional" exibiam imagens da governadora Jan Brewer e do xerife Joe Arpaio - um dos mais ativos no cerco à imigração ilegal - ao lado da suástica nazista.
Em um discurso em inglês e espanhol, a cantora Gloria Estefan, de origem cubana, definiu os EUA como uma nação de imigrantes, os quais devem ser considerados trabalhadores e não criminosos. O cardeal Roger Mahony puxava o coro bilíngue: "Si, se puede" e "Yes, we can".
"A cada vez que há uma baixa na economia, temos um novo ataque aos imigrantes" - denunciou o cardeal.
O movimento do 1 de Maio conclamou também a Casa Branca e o Congresso americano a promover com urgência a reforma da lei de imigração no país, na esperança da legalização de 11,6 milhões de imigrantes ilegais.
"Estamos sendo atacados por diferentes frentes e por esse motivo saímos hoje às ruas, para lançar um grito de exigência ao presidente Barack Obama e ao Congresso para que atuem agora na reforma migratória, freando a agressão de estados que aprovam leis inconstitucionais que ferem os direitos civis" disse o presidente da Irmandade Mexicana Nacional de Los Angeles, Raúl Murillo (Oklahoma quer lei de imigração semelhante à aprovada no Arizona).
Na última sexta-feira, a governadora Jan Brewer assinou uma nova versão da controversa lei, aprovada pelo Legislativo do Arizona, para "tornar mais claros" seus propósitos e atenuar as acusações de perseguição racial. Entre as novas medidas, está a garantia de que não serão investigadas queixas sustentadas em "raça, cor ou origem nacional". Também se quer evitar que policiais possam interpelar e deter indivíduos baseados "exclusivamente" na suspeição de entrada ilegal no país.
"Essas novas afirmações deixam de forma cristalina e incontestável que o perfil racial é ilegal e não será tolerado no Arizona" disse.
As alterações, no entanto, foram consideradas insatisfatórias por adversários da lei. Clarissa Martínez de Castro, do Conselho Nacional de La Raza, a maior organização hispânica de direitos civis do país, classificou as mudanças propostas de "cosméticas".
fonte: O Globo
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