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12 de junho de 2012

A CPMI e a podridão das instituições burguesas


Publicada no editorial do jornal Luta de Classes, edição 45, já à venda com os militantes da EM

O Jornal “O Estado de São Paulo” na semana passada declarava que no Brasil a corrupção havia passado os limites do aceitável, referindo-se ao caso Cachoeira e outros mais.

Essa afirmação escrita por uma dos mais importantes órgãos de imprensa da burguesia brasileira chega a soar patética, como se para a prática da corrupção existisse limites aceitáveis. È verdade, no sistema que O Estadão defende, a corrupção, em outras doses, menos escandalosas, é plenamente aceitável. Mas para os Marxistas, podridão e decomposição são partes inerentes do sistema capitalista.


Para a burguesia a corrupção aceitável deve ser aquela feita por meio dos acordos legais das negociatas empresariais, dos superfaturamentos, da evasão de divisas, da lavagem de dinheiro, da utilização de cargos públicos em benefício próprio ou da família, ou de seus partidos. Tudo realizado legalmente com apoio das leis que seus representantes aprovam para aplicar contra a classe trabalhadora e escudar a legalidade dos negócios burgueses e financiar suas podres campanhas eleitorais. Por isso a burguesia corrompe o aparato de Estado e faz da corrupção parte do jogo capitalista. 



A CPMI se instalou com o objetivo claro de apenas investigar o senador Demóstenes do DEM e também o governador de Goiás, Pirillo do PSDB, ambos envolvidos nas trapaças realizadas com Cachoeira.

A revista Veja, que já posou de paladina contra a corrupção quando se  tratava de atacar o PT, agora se resguardou e se fechou em copas. Não é por menos, o seu editor executivo no Distrito Federal está envolvido até o pescoço com Cachoeira que é aliado da Veja de longa data. Temos aqui a ponta de um fio de uma imensa teia que pode abalar o conjunto das podres instituições burguesas.

A rede Record divulgou a seguinte notícia que: “Documentos da PF mostram que Veja atendia a interesses de Cachoeira: Escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça revelaram uma ligação sombria entre o chefe de um esquema milionário de jogos ilegais, Carlinhos Cachoeira, e a maior revista semanal do Brasil, Veja. As conversas mostram uma relação próxima entre o contraventor e Policarpo Júnior, diretor da revista em Brasília (DF). Segundo documentos da Polícia Federal, Cachoeira teria passado informações que resultaram em pelo menos cinco capas da Veja, além de outras reportagens em páginas internas, publicadas de acordo com interesses do bicheiro e de comparsas. Trata-se de uma troca de favores, que rendeu muitos frutos a Carlinhos Cachoeira e envolveu a construtora Delta. O escândalo pode levar Roberto Civita, presidente da empresa que publica a Veja e um dos maiores barões da imprensa do País, a ser investigado e convocado para depor na CPI”
  
Lula, Zé Dirceu e Rui Falcão, incentivaram a CPMI onde pretendiam encostar a Veja na parede e fazer sangrar o PSDB. Mas parlamentares do PT, como o senador Humberto Costa e o líder deputado Gilmar Tato parecem temer onde tudo isso vai dar. Parecem não saber o que fazer, parecem temer que isso acabe envolvendo gente da base aliada que dá sustentação ao governo Dilma e agem como se fosse um caso “normal”. Mas o escândalo é muito grande e evidente. A grande imprensa tenta colocar “todos” como envolvidos no caso, para abafa-lo.

Porque os deputados e senadores do PT não divulgam o que sabem? Porque o executivo da Veja, Policarpo, de Brasília, está sendo poupado e não é convocado?

Se os parlamentares do PT estão de fato interessados em clarificar o envolvimento da VEJA e as ramificações da quadrilha dentro do Congresso Nacional, então, está passando um cavalo encilhado na sua frente. Se não montarem neste ginete é porque não desejam desmontar o esquema e fazer toda a podridão vir à tona. Talvez por isso estejam aparecendo como paralisados ou sem rumo. 

Collor de Melo, Sarney, Caiado, Paulo Maluf e tantos outros que estão de braços dados com o governo temem que a ponta do iceberg mostrada na CPMI acabe por revelar todo o iceberg da podridão das instituições do Estado. Começam a colocar as barbas de molho diante da possibilidade da CPMI Cachoeira ir mais longe, o que certamente abalará toda a base aliada do governo e também o PSDB, DEM.

A burguesia, incluindo a base burguesa aliada do governo, não está preocupada com o dinheiro e o bem público. Todos se lambuzaram com as obras do PAC, Copa do Mundo, Transportes, com a derrama de dinheiro federal para empresas em “dificuldades”, para “retirá-las da crise”. Não há nenhuma reclamação contra a verdadeira farra que é realizada pelo capital financeiro com o dinheiro recebido do governo federal. Uma mão lava a outra! Essa bomba não poderá explodir, pois sua explosão será a explosão que escancarará as portas, todas, da podridão capitalista. Esse é o dilema daqueles que se unem aos burgueses.

A Esquerda Marxista segue exigindo que o governo se livre de suas alianças com a burguesia, elas acabarão destruindo o partido. Só um governo dos trabalhadores, sustentado por suas organizações, CUT, MST e organizações populares é que pode dar fim ao capitalismo para acabar com a corrupção.

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