Serge Goulart
Começou mais uma das inócuas greves
gerais de 48 horas na Grécia depois de dois anos de luta e quase duas dúzias de
greves gerais. O povo trabalhador da Grécia já mostrou forças magníficas e uma
heroica disposição de luta. Mas, seus dirigentes sindicais e políticos mostram
mais uma vez que não estão a altura das tarefas e nem do momento que vive o
país. O fundo da questão é que tem um enorme medo das consequências de uma luta
real e verdadeira para derrotar os pacotes da Troika aplicados pelos sucessivos
governos (PASOK e depois PASOK, Nova Democracia e LAOS, nomeado pela Troika).
Os dirigentes sindicais e políticos gregos não podem empreender esta luta para
realmente vencer porque sabem que a única forma é a ruptura com o capital.
Tremem de medo, como serviçais que são dos capitalistas. Triste papel o dos
dirigentes reformistas.
Por outro lado o PC grego está vivendo
um surto de ultra-esquerdismo que só tem paralelo no ultra-esquerdismo do PC
alemão em 1931-33 quando chamava a Social-Democracia de irmã gêmea do fascismo
e fazia plebiscito junto com o partido nazista para derrubar o governo
socialdemocrata. O que conseguiu foi a ascensão de Hitler ao poder e o
esmagamento dos comunistas e socialdemocratas depois de ter dividido e levado a
um beco sem saída a classe trabalhadora alemã.
Apesar do ultra-esquerdismo o PC grego
hoje é o principal partido operário grego por se opor aos pacotes exigidos pela
Troika. Mas, como saída, apesar de gritos pelo socialismo, só aponta a
realização de novas eleições.
Na verdade, a única saída, a única
forma de lutar para vencer na Grécia é a Greve Geral até a derrota do governo e
suas medidas ditadas pela Troika e o estabelecimento de um governo dos
trabalhadores que rompa com a União Européia e com o capitalismo. A única consequência
da continuidade da Grécia capitalista e da política dos dirigentes reformistas
é a continuidade do sofrimento e finalmente o cansaço e desânimo das massas.
O quadro acima dá uma ideia da atual
da Grécia e as “falsas” expectativas anunciadas pelo FMI e pela OCDE. Mas, o
mais provável é que a situação vá piorar. Afinal, as medidas ditadas pela
Troika e adotadas pelo governo nomeado falam por si mesmas e se sabe que
austeridade causa austeridade aprofundada como receita para países com problemas.
Foi o que fez o FMI nos anos 80 em toda a América Latina e África. Agora querem
reduzir a Grécia a um país do dito “terceiro mundo”.
Uma primeira parte das medidas já foi
anunciada. Mas o saco de maldades ainda é secreto: Redução de 20% no salário
mínimo, de 751 euros antes dos impostos; corte de 20% nas aposentadorias acima
de mil euros; demissão de 15 mil servidores públicos submetidos ao regime
temporário de trabalho; cortes salariais em estatais; privatização de empresas
públicas; fim de empregos vitalícios e transmitidos por herança (caminhoneiros,
taxistas, notários, tabeliães, etc.). E é só o começo.
O povo grego vai ter que abrir caminho
a força para desbordar os seus atuais líderes e vencer a situação. E a situação
política internacional ajuda neste sentido. Afinal, quem imaginava, meses
atrás, no surgimento de Soviets na Síria?
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