Divulgamos abaixo graves fatos ocorridos na Universidade de Rondônia onde professores e estudantes estão ameaçado de morte. Solicitamos que denunciem o fato. Exigimos que o governo Dilma tome drásticas providencias para que acabe a repressão e as ameaças. Que as reivindicações dos estudantes e professores sejam atendidas.
RONDÔNIA: ESTUDANTES E PROFESSORES
RECEBEM AMEAÇAS DE MORTE NA UNIR CENTRO!
Diretório dos estudantes
Divulguem ao máximo.
Companheiros, é importante darmos vazão e denunciar amplamente estas graves ameaças à estudantes e professores que estão em greve na UNIR. Fazermos matérias, notas enviarmos para sites, jornalistas, sindicatos, entidades e intelectuais honestos por todo o país, solicitar notas de repúdio e de denuncias a esta prática fascista e desesperada. Estamos produzindo uma nota do comando dos estudantes.
É preciso aproveitar o Fantástico pra denunciar as ameaças e repressão da PF!
Não temamos estas ameaças, pois sabemos que estamos lhe dando com bandidos. Redobrarmos a atenção e cuidados é crucial. Sigamos firmes neste caminho de luta firme e aberta contra o desmantelamento da universidade pública pelo MEC/Governo Federal e, mais do que nunca, contra Januário e sua corja!
"Quem não teme ser cortado em mil pedaços, desafia o imperador".
Firmes na luta companheiros!
Por: Prof. Estêvão Rafael Fernandes
Caros amigos e colegas,
Não, este não é mais um daqueles
malditos spams que são enviados para listas intermináveis. É, sim, um pedido de
socorro...
Estamos nós, antropólogos, tão
acostumados a ler ou escrever sobre absurdos na Amazônia em assuntos
relacionados a povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, entre
outros, que o conteúdo deste email parecerá, aos que não estão acostumados com
a realidade amazônica, surreal.
No Estado de Rondônia, hoje, alunos
estão sendo ameaçados, professores universitários presos, deputados agredidos
pela polícia federal e jornalistas coagidos por essa mesma polícia.
Caríssimos,
Quando achamos que a falta de bom
senso e a impunidade chegaram a seu ápice, somos surpreendidos por mais
descalabros.
Há pouco mais de 15 dias enviei a
algumas pessoas um email (reproduzido abaixo) rogando por apoio e buscando dar
visibilidade a crise que se instaurou na Universidade Federal de Rondônia
(UNIR). Supus, ingenuamente, que aos poucos o Governo brasileiro e as
instituições responsáveis (Polícia Federal, Ministério Público, Ministério da
Educação, etc.) fossem, de alguma forma, se sensibilizar pelo que tem ocorrido
em terras rondonienses. Ledo engano.
Nestes 15 dias nada mudou para melhor.
Ao contrário, o pânico se instalou e se intensificou. Prova disso está em dois
fatos ocorridos hoje.
Nesta tarde uma aluna de psicologia,
membro do comando de greve dos estudantes, foi surpreendida na porta de sua
casa por homens encapuzados que lhe em breve ela morreria.
Além disso, um bilhete anônimo foi
colocado sob a porta de diversos laboratórios e departamentos com os dizeres:
“NÃO ADIANTA CANTAR VITÓRIA ANTES DO
TEMPO. MUITA ÁGUA AINDA PODE ROLAR... SEGUE ALGUNS NOMES QUE PODEM DESCER NA
ENCHENTE DO RIO”
Segue-se uma relação de nomes de
alunos e professores (entre os quais, eu).
Aos que não estão acostumados com os
jargões amazônicos, a menção a “descer na enchente do rio”, ao qual o bilhete
se refere, é uma referência clara ao hábito de se desovar cadáveres nos rios da
região.
Bilhete com os nomes dos ameaçados de morte |
Peço, portanto, aos colegas, que nos
ajudem a dar visibilidade a esses episódios brutais. Os ânimos aqui andam
acirrados e alguns alunos e professores têm sido seguidos e/ou ameaçados
(alguns, inclusive, têm dormido em casas de amigos ou parentes, com medo do que
possa ocorrer). Aos que tiverem contatos em ONGs, entidades acadêmicas ou no
Governo, ou mesmo os que queiram manifestar seu apoio publicamente por meio de
moções, toda a ajuda é bem-vinda. Por favor, reproduzam esses emails às suas
respectivas listas.
Não peço a nenhuma entidade que se
manifeste contra ou a favor do movimento grevista, mas a favor da transparência
nas investigações e no comprometimento do Governo Brasileiro de que a segurança
das pessoas que vêm sendo ameaçadas seja garantida.
Como sempre, agradeço pela ajuda.
Um cordial abraço,
Prof. Estêvão Rafael Fernandes
Chefe do Departamento de C. Sociais
Universidade Federal de Rondônia
(UNIR)
Coordenador do Observatório de
Direitos Humanos de Rondônia (CENHPRE/UNIR)
Porto Velho, RO, Brasil
Para maiores informações ler o que
segue nos links abaixo:
Resumidamente, em meados de setembro
deste ano, professores e alunos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR)
entraram em greve, não por melhorias salariais, mas por melhores condições de
trabalho e estudo.
Vão aí, a título de ilustração, mais
dois links com fotos do estado de nosso campus em Porto Velho e um terceiro
link, com um laudo técnico do corpo de bombeiros tornado público nesta semana:
Link com fotos 01:
Link com fotos 02:
Laudo do Corpo de Bombeiros sobre o
campus de Porto Velho:
Em resposta a pauta grevista, a
administração da Universidade disse que as reivindicações por melhorias não
fariam sentido, já que a Universidade, por mais que apresentasse problemas,
estava bem, obrigado.
Aos poucos, o movimento dos alunos se
transformou em um movimento para afastamento da administração atual, por
entender que havia uma série de denúncias (em licitações, obras, recursos,
fundação de apoio, concursos públicos, etc.) que precisavam ser tiradas a
limpo. Ato contínuo, o movimento grevista montou um dossiê de 1.500 páginas
onde essas denúncias eram sistematizadas e foi a Brasília, encaminhá-las ao MEC
e a Casa Civil, da Presidência da República.
Na Casa Civil, com todas as letras,
ouviram de um assessor que uma vez que a administração atual da Universidade
contava com o apoio de um político da executiva nacional do PMDB, base aliada
do Governo Federal no congresso, nada haveria a ser feito.
Há alguns dias a Polícia Federal, em
uma tentativa desastrada (e desastrosa) de desocupação do prédio da Reitoria,
ocupada por alunos da instituição há quase um mês, acabou agredindo um Deputado
Federal que lá estava, tentando negociar (Deputado Mauro Nazif, PSB-RO) e
prendendo um professor, que nada fazia a não ser observar a cena.
Abaixo alguns vídeos mostrando o
momento da prisão do Prof. Valdir Aparecido, do Departamento de História
(Campus de Porto Velho), bem como a agressão ao parlamentar:
http://www.youtube.com/watch?v=II88f_0Xn_E (em
04:32 vê-se claramente o deputado ser agredido pelo policial a golpes de
cassetete)
Já o link abaixo contém uma foto do
mesmo momento da prisão onde se vê, de branco, ao centro, o prof. Valdir sendo
levado por dois agentes a paisana (um moreno, a esquerda, com uma pistola na
mão e outro, a direita, de camisa vermelha, com um cassetete, que daí a alguns
segundos seria utilizado para agredir o Deputado Nazif, de camisa azul clara,
no alto da imagem, à direita).
De laranja no canto esquerdo da foto,
um rapaz que se identificou como agente da PF, carregando uma câmera subtraída
de um dos professores que teria registrado parte da confusão):
Naquela mesma noite o Prof. Valdir foi
encaminhado a um presídio comum, chamado “Urso Panda”, onde passou a noite em
uma cela.
Alguns dias após o ocorrido, um
jornalista local foi coagido por Policiais Federais, por publicar notícias
apoiando a greve na Universidade
Esta é, basicamente, a situação por
aqui: agressão, medo, coerção e ameaças, fazendo uso da máquina pública e de
agentes que deveriam proteger a população. O que nos parece, aqui em Porto
Velho, é que tanto essas ações truculentas quanto a conivência do Governo
Federal e a invisibilidade da questão na imprensa nacional se deve, sobretudo,
ao fato de nosso reitor ser aliado político e amigo pessoal de membros da
direção do maior partido da base aliada do Governo Federal.
Longe de mim acusar que quer que seja.
Afinal, é bem possível que todos os implicados nessa história sejam
absolutamente inocentes e/ou tenham agido de boa fé. Entretanto, a única forma
de garantirmos transparência no processo de investigação nos fatos aqui
relatados divulgando esses acontecimentos junto aos nossos contatos em ONGs,
Governo, imprensa e associações científicas.
Há informações atualizadas sobre esses
eventos no site mantido pelo comando de greve da Universidade, http://comandodegreveunir.blogspot.com do
qual, diga-se, não sou parte.
Aos que me conhecem, sabem que não
faço o perfil de politiqueiro ou sindicalista e, mais que isso, jamais
entulharia as caixas postais de vocês se não fosse estritamente necessário, mas
o fato é que meus colegas de Universidade, alunos, jornalistas e simpatizantes
estão, hoje, com medo de morrer. Precisamos de ajuda por aqui, urgente!
Espero contar com a compreensão e
ajuda de todos na divulgação do que tem acontecido por aqui. Qualquer coisa:
sintam-se a vontade para me escrever a qualquer momento.
Um cordial abraço,
Prof. Estêvão Rafael Fernandes
Chefe do Departamento de C. Sociais
Universidade Federal de Rondônia
(UNIR)
Coordenador do Observatório de
Direitos Humanos de Rondônia (CENHPRE/UNIR)
Porto Velho, RO, Brasil
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