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28 de setembro de 2011

Patrão em Joinville considerou normal o ato de amarrar as pernas de 6 operárias

Crônicas Operárias

Iniciamos no dia de hoje uma série de textos que trás relatos de fatos e lutas relacionadas aos trabalhadores: Crônicas Operárias. O intuito desta série não é apenas fazer denuncia, mas sim levar até os leitores as experiências, as tragédias, derrotas e vitórias do movimento dos trabalhadores e tirar as conclusões para seguir adiante na auto-organização dos trabalhadores.

O presente caso ocorreu em 1998 na cidade de Joinville, importante pólo industrial do estado de Santa Catarina. Ali, em uma indústria têxtil, 6 operárias foram amarradas pelo supervisor e obrigadas a caminhar pelo vestiário com as cordas prendendo seus pés. Questionado na justiça, o patrão achou isso normal e a juíza extinguiu o processo. Uma demonstração inequívoca de que sem luta, organização e unidade entre os trabalhadores a balança da justiça sempre penderá contra os que produzem toda a riqueza: a classe trabalhadora. Uma nova justiça só existirá quando os trabalhadores acabarem com toda a exploração e construírem o socialismo.

Facsímile do jornal da época


Carlos Castro

Joinville                                                                                                 
A empresa Dohler tem um episódio trabalhista singular na sua história. O fato ocorreu em 23 de setembro de 1993 quando seis mulheres, uma delas grávida, foram obrigadas pelo supervisor, Helmuth Wodtke Jr, a amarrar suas pernas com uma corda e a caminhar durante meia hora ao longo do vestiário.
Após 18 anos, o fato começa a voltar à tona. O motivo? Udo Dohler, proprietário da indústria têxtil e Atual presidente da Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ), está sendo cogitado para concorrer a prefeito pelo PMDB. Os operários não podem esquecer casos absurdos como esse. 
Nas disputas eleitorais são comuns casos ou histórias polêmicas, envolvendo os candidatos, ressurgirem das cinzas. No caso de Dohler, o complicador é a defesa feita, para rebater o sindicato da categoria, em favor do supervisor, alegando o fato como um “treinamento” para impedir as funcionárias de correr quando deixavam as máquinas para se dirigirem ao refeitório. “O fato não foi tão grave como está sendo anunciado. As mulheres tiveram seus pés amarados individualmente e foram conduzidas até próximo ao setor de trabalho. Não houve agressão e nem maus tratos. O supervisor foi advertido, mas não pensamos em demiti-lo”, declarou ao Diário Catarinense no dia 30 de setembro de 1993.
O Sindicato dos Têxteis, filiado hoje a UGT, repudiou o fato através de uma nota emitida no dia seguinte:“O sindicato caracteriza o acontecimento como ação de pressão psicológica e submissão das trabalhadoras a situação vexatória e desumana a que foram submetidas. As trabalhadoras colocadas e posição de humilhação deverão ser ressarcidas pelos danos morais sofridos, e os responsáveis exemplarmente punidos, para que tais atos de violência sejam definitivamente banidos de nossa sociedade”.
O prefeito de Joinville, Carlito Merss, na época vereador do PT, afirmou em toda imprensa que “esse tipo de coisa é uma volta ao tempo da escravidão”. Passaram os anos e Carlito se tornou um entusiasmado parceiro de Udo Döhler. Porém, no próximo ano, estarão em lados opostos disputando a mesma prefeitura.   

Ivonete Terezinha Blazius Funes, hoje com 41 anos, era uma das operárias. Na época estava grávida de quatro meses e até hoje considera o fato como uma humilhação. “O Helmuth (o supervisor) berrava conosco que nem um boi. Todo mundo ouvia”, recordou. Ivonete informa ainda que “naquele dia fui coagida enquanto caminhava em direção ao refeitório e depois fomos obrigadas a voltar ao trabalho amarradas”. Perguntada sobre o apoio do sindicato, respondeu: “Eles não me orientaram sobre como processar a empresa”. Menos de um ano depois, a funcionária decidiu pedir a conta: “Eu não tinha mais vontade de trabalhar. Ganhei vários apelidos. Foi uma coisa chata, humilhante”, explica.     
Atualmente, Ivonete mora em Araquari com os três filhos e o marido. Ela não trabalha para cuidar do filho mais velho, do qual estava grávida quando aconteceu o episódio. O menino nasceu com autismo, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e hiperatividade.
Ivonete ainda tem esperança de conseguir indenização da empresa. Como não recebeu orientação do sindicato, cinco anos depois, em 1998, entrou com ação de indenização por danos morais contra a Dohler. Em novembro de 2002, a juíza do trabalho, Mari Eleda Migliorini, julgou o processo extinto. Ivonete demorou mais de dois anos para acionar a justiça, prazo máximo estabelecido pela Constituição Federal.


22 comentários:

  1. Ele que faça isso hoje pra ele ver.

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  2. Eu lembro dessa história. Fiquei chocada com o ocorrido e indignada com a impunidade.

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  3. Tenho uma amiga que trabalhou na época e parece que não passou de uma brincadeira que virou um bafafá.

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    1. Carlos Castro; Não teve nada de brincadeira. O fato ocorrido foi uma humilhação contra as operárias. A comunidade na época repudiou o ato absurdo.

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  4. Ele é o candidato a prefeito lider na última pesquisa eleitoral em Joinville, com 25% das intenções de voto.

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    1. Carlos Castro: pesquisa inventada. Nunca que um candidato sobe 14 pontos de um mês para o outro sem algum fato político novo e relevante. Isso foi o LHS e a RBS que pagaram pra eleger o Czar da burguesia joinvilense.

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  5. Ele é o candidato a prefeito de Joinville lider na última pesquisa com 25% das intenções de voto.

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  6. Quem fez foi o Helmuth Wodtke Jr e não o Udo.

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    1. Mas o Udo foi para o Diário Catarinense falar o seguinte: “O fato não foi tão grave como está sendo anunciado. As mulheres tiveram seus pés amarados individualmente e foram conduzidas até próximo ao setor de trabalho. Não houve agressão e nem maus tratos. O supervisor foi advertido, mas não pensamos em demiti-lo”.

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  7. PENSA NESSA COISA GOVERNANDO JLLE

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  8. Não haveria impunidade se a funcionária tivesse exercido seu direito no tempo hábil, estabelecido na lei. "O direito não socorre aos que dormem"...

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  9. Tudo oque esta escondido um dia aparece...

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  10. Na verdade, acho que tem muitos funcionarios de empresa que precisa até de apanhar pra aprender a trabalhar e respeitar suas obrigações, é vergonhoso o caminho que as coisas estão tomando, só falta o empregado mandar no patrão, sei que tem bons funcionarios tambem, dificil lidar com todos de uma forma igual, espero que os outros politicos pensem bem antes de julgar, naõ tenho tanto conhecimento como gostaria, mas voto no Udo e se fosse possivel votava no Leonel tambem, os outros candidatos estão fugindo do foco, antes de ficar achando erros dos outros apresentem propostas, estudos concretos e dentro das condições do municipio, o Tebaldi ja foi e deixou saudade porque piorou, porque se tivesse melhorado ninguem iria sentir saudade, mas o Carlito conseguiu a fazer o quase impossivel, piorou, chegou a gastar 40 mil por dia durante 6 meses em propaganda e acha normal ficar falando de novos projetos do qual o valor é inferior ao gasto em prapagandas, o radicalismo precisa voltar, tem muita sujeira indo pra debaixo dos tapetes, coisas que aprovaram que só de pensar fico com vergonha, (carro com gasolina pra vereador?) nem o presidente deveria ter, se vira, como todo o povo faz, chega tenho outras coisas pra fazer, gostaria de falar mais, e não tenho medo de falar não

    valdenei heidemann 9105 8960

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  11. Ficou bem tendencioso o seguinte parágrafo:

    "Atualmente, Ivonete mora em Araquari com os três filhos e o marido. Ela não trabalha para cuidar do filho mais velho, do qual estava grávida quando aconteceu o episódio. O menino nasceu com autismo, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e hiperatividade."

    Parece que vocês estão insinuando que a causa do filho dela ter nascido assim foi o episódio. Não sou ninguém pra julgar se foi ou se não foi, mas é que, mesmo que esse seja um espaço de opinião, acho que insinuar isso é um pouco irresponsável.

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  12. trabalhei nessa epoca na dolher e realmente isso tudo aconteceu.e agora vem dizer que é mentira

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  13. Explicado: Ivonete ainda tem esperança de conseguir indenização da empresa. Como não recebeu orientação do sindicato, cinco anos depois, em 1998, entrou com ação de indenização por danos morais contra a Dohler. Em novembro de 2002, a juíza do trabalho, Mari Eleda Migliorini, julgou o processo extinto. Ivonete demorou mais de dois anos para acionar a justiça, prazo máximo estabelecido pela Constituição Federal.

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  14. se ela tem direito ou nao,nao importa o importante é todos saber quem é o ficha limpa.O DR DA VERDADE.AINDA TEM GENTE Q FICA PUXANDO O SACO!!!!!!!!!!!ME POUPE!

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  15. O que este caso tem a ver com política? Pelo que percebo, se Udo ganhar a prefeitura, vai amarrar professores municipais, servidores em geral. Episódio isolado que deve ser tratado na justiça do trabalho e até cívil. Pau na empresa. A

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  16. O fato realmente aconteceu,pode não ter sido o proprio Udo q mandou mas como ele é dono da empresa ele se torna responsável.Hoje em dia ele não deve se fazer de ingênio pois ele está ciente da verdade.

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