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22 de julho de 2011

Denuncia sobre escutas telefônicas na Inglaterra. A liberdade de impresa e a ética burguesa

Wanderci Bueno
Sherlock Holmes viraria na tumba, se pudesse, ao saber que Murdoch e seu amigo Paul Stephenson estão envolvidos em escutas telefônicas ilegais, certamente diria: “fiz coisas bem piores quando era vivo. Coitados.”

Um escândalo envolvendo a Scotland Yard e o magnata Rupert Murdoch, dono de um fantástico império na mídia mundial, é contado na imprensa como sendo algo extraordinário. Um dos jornais de Murdoch fez escuta telefônica (grampeou telefones de pessoas) e pagava policiais para obter informações com o apoio do chefão da Scotland Yard.
Em um mundo dominado pelo capital e pelo aparato repressivo, que subordina abaixo de si todos os princípios e objetivos, nada de novo.
O que há de novo é que o caso veio a público e isso em geral é mau sinal. Alguém certamente abriu a boca. E quando isso acontece ou se estanca o mal na fonte ou muitas outras podridões virão à tona. 
Um jornalista que trabalhava para Murdoch apareceu morto. A imprensa disse que ele era usuário de drogas, logo, merecia estar morto, induzindo que ele morreu pelo uso das drogas. É claro que assassinato não, jamais houve algum. 

O magnata foi às barras de vários tribunais e pagou altas somas resultantes de acordos extras judiciais com as vitimas dos “grampos” executados por sua imprensa. O jornal envolvido no escândalo é o News of the World de propriedade de Murdoch. Ele diz que este jornal é muito pequeno dentro do contexto de suas empresas, daí podemos imaginar o que as outras não fizeram e estão a fazer pelo mundo.
As imprensas burguesas saíram em gritaria batendo no peito: ética, nosso jornalismo é ético, o de Murdoch pode até não ser. Recordei-me de um texto de Lênin quando ele debatia com seus camaradas a questão da liberdade de imprensa e dizia que só haveria liberdade de imprensa quando as máquinas impressoras, as fábricas das máquinas, as fábricas de papel e celulose, as terras nas quais são plantadas as árvores e todos os grande meios de produção passassem para o controle operário com fim desta grande propriedade.
A ética da imprensa burguesa, aceita o suborno, o aliciamento, a compra de informações, desde que não venha a público. Para o capitalista tudo o que o público não sabe é ético. Como a ética está diretamente associada aos princípios políticos, e os princípios estão determinados pela relação que se tem com propriedade privada dos meios de produção, então a liberdade de ter propriedade privada determina, em geral, o conceito de liberdade daquela classe que é proprietária dos grandes meios de produção. Essa liberdade está ancorada basicamente sobre 2 princípios: o direito da burguesia possuir a propriedade e o direito dela livremente explorar aqueles que vendem a única propriedade que têm, a sua força de trabalho.
Constatamos assim que a ética da imprensa burguesa é a ética da liberdade da exploração e da liberdade da acumulação. Tudo é ético para conseguir manter essa liberdade, até mesmo esfolar Murdoch para continuar a fazer com que o povo creia que o resto da imprensa burguesa e a Scotland Yard são éticas e que apenas Murdoch e o ex-chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson, são antiéticos. Para os capitalistas a Scotland Yard e toda imprensa burguesa, seguem éticas e puras como as vestais, assim como a sagrada propriedade privada dos meios de produção.

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