Wanderci Bueno
A área marcada em vermelho é a fazenda Curuá |
O Estatuto da Terra, editado pelo
primeiro governo militar pós-1964, Castelo Branco, continua em vigor. Esse
código agrário sobreviveu à Constituição de 1988. O estatuto proíbe a existência
de propriedade rural com área acima de 72 mil hectares (ou 600 vezes o maior
módulo rural, o destinado ao reflorestamento, com 120 hectares).
Apesar disso uma fazenda, por nome Curuá, foi registrada com quase 60 vezes o limite legal, com 4,7 milhões de hectares,
área maior que os estados do Estados do Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe e
Distrito Federal juntos.
A ação pelo cancelamento do registro desta
propriedade tramita na justiça há mais de 15 anos e parece interminável. A
decisão ainda pode ser questionada na justiça pelos "herdeiros" do falso
proprietário que tomou as terras antes pertencentes aos indígenas.
A história de grilagens na fértil região
do vale do Rio Xingu, onde está sendo construída a famigerada Usina Belo Monte,
teve seu início em 1924 quando madeireiros e fazendeiros ali iniciaram suas
atividades especulativas e predatórias com a exploração das seringueiras e
castanhas. Exauridos estes recursos, se apropriaram das terras, deixando o pasto
para os grilos comerem. Daí veio o termo grilagem.
A reforma agrária, inscrita no
programa do PT, da CUT e MST, parece estar adormecida. A justiça ainda se
baseia nos Estatutos da Terra herdados da ditadura de Castelo Branco. Enquanto
isso o MST é criminalizado, dirigentes e ativistas são assassinados e nada de
reforma agrária!
É impressionante, mas é verdade: a
várias usinas hidrelétricas, a voracidade das construtoras, o latifúndio e o agronegócio, estão de olho nas riquezas naturais do subsolo desta região. Curuá
pode ter seu fim, mas a especulação e as multinacionais estão à espreita e agem
permanentemente para controlarem a região de Altamira na Amazônia.
A divisão do Estado do Pará certamente
facilitará este plano. A presidente Dilma se encolhe e abre as portas aos novos
grileiros legais do agronegócio e das multinacionais. As grandes construtoras
esfregam as mãos, ou melhor, o dedo médio no polegar, ávidas por mais
dinheiro.
Informações encontradas em: Agência Amazônia de Notícias, de 30 de outubro de 2011
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