Felipe Araujo*
Motivados pelo Movimento Ocuppy Wall Street** de Nova Iorque, jovens do Rio de Janeiro ocuparam a Praça da Cinelândia, a principal praça do centro histórico do Rio de Janeiro. A cada dia, mais pessoas se juntam aos mais de 500 que desde Sábado (22 de Outubro) estão acampados no local.
Até o presente momento não houve grandes tensões com a polícia, pois os jovens declaram não estar ocupando a praça, o que estaria contra a lei, mas estão em uma manifestação permanente, e as mais de 45 barracas que estão na praça fazem parte da manifestação, segundo eles.
Muitas bandeiras estão sendo levantadas nesse ato, contra o racismo, ocupações de Sem-Teto, liberdade de expressão, contra as ações do Choque de Ordem***, etc.
Mas no Brasil esse movimento tem características bem especificas, uma vez que aqui estamos num momento histórico (leia-se econômico) bem diferente do caso vivido pelos jovens na Grécia, Espanha e até mesmo EUA, já que a crise do sistema capitalista ainda não pisou com firmeza nas terras tupiniquins.
Isso faz com que a maior parte dos discursos dos jovens gire em torno do ataque à corrupção, como se os problemas que os jovens e trabalhadores do Brasil enfrentam pudessem ser resolvidos com a simples “limpeza” da banda podre do Senado. Esse discurso de ética é muito bem recebido pela mídia (burguesa), inclusive a revista Veja da ultima semana faz uma lista de “dez motivos para se indignar com a corrupção” e na capa expõe a mascara (V de Vingança) que muitos dos jovens usam nos atos, por todo o mundo.
Muitos curiosos passam pela praça e perguntam pelo que os jovens estão se manifestando, porém nem todos eles têm clareza de suas reivindicações, porém durante todo esse tempo esses jovens fazem assembleias diárias, onde qualquer pessoa pode se manifestar, e em geral a palavra do outro é muito respeitada, o que não é tão recorrente em debates políticos.
Todos os dias é possível ver grupos de jovens sentados no chão da Cinelândia, discutindo transporte público, reciclagem, liberdade de expressão, democracia, manifestações artísticas variadas, ou seja, discutindo política.
A Juventude Marxista saúda os companheiros que estão se unindo para discutir saídas para modificar esta sociedade, na qual estamos inseridos. E prestamos nosso apoio a todos que entendem que o sistema capitalista não pode oferecer mais nada de bom para a juventude e trabalhadores, e que, portanto devemos nos unir a favor de uma idéia clara e sólida, a saber, o fim da exploração de homens sobre homens.
Vida longa aos movimentos que elevem a consciência de classe, nos trabalhadores, jovens e todos que se organizam por um mundo sem opressão.
* Felipe Araujo é estudante de Filosofia e trabalha como artista de rua (filos_hipos@hotmail)
**Ocupar a Wall Street - Saiba mais:
*** Choque de Ordem é uma política da atual gestão do governo municipal do Rio de Janeiro, com medidas que alegam o ordenamento da cidade, mas que conta com remoção de moradores de rua, expulsão e violência a vendedores ambulantes, proibição de manifestações artísticas em espaço público, etc.
muito bom
ResponderExcluirOcupaRio e OcupaBrasil = PSOL. Basta ver as 'bandeiras' (um mundo melhor é possível, contra BM, etc.). É a apropriação de um movimento que propiciou a vitória da direita (!) na Espanha nas últimas eleições municipais e a entrega absoluta do petróleo às petroleiras angloamericanas, nos países árabes em que ocorreu. Resta saber o que ocorrerá aqui ...
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