Alex Minoru
Realizou-se ontem, dia 27 de julho, ato em frente ao Fórum João Mendes (SP), local em que ocorria o julgamento do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-CODI na época da Ditadura Militar.
A ação foi movida pela família de Luiz Eduardo da Rocha Merlino, jornalista e militante do Partido Operário Comunista (POC), que foi cruelmente torturado e assassinado pela Ditadura em 1971. Testemunhas relatam que o comandante Ustra, pessoalmente, participou das seções de tortura.
No julgamento, o réu não compareceu. Para testemunhar os crimes cometidos e o assassinato de Merlino pelas mãos dos militares foram chamados ex-militantes do POC; o ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vanucchi; e o historiador e escritor Joel Rufino dos Santos. Estiveram presentes também o ex-dirigente sindical ferroviário Raphael Martinelli e o Deputado Estadual Adriano Diogo.
Os mais de 100 manifestantes que foram acompanhar o julgamento não puderam entrar na sala da audiência, ficaram reunidos na praça em frente ao fórum. No chão, fotografias de militantes torturados e assassinados pela Ditadura.
Martinelli destacou a ausência dos atuais líderes sindicais, que deveriam estar presentes em um ato importante como esse. Adriano Diogo relembrou outros militantes mortos pela Ditadura, como o metalúrgico trotskista Olavo Hansen, assassinado em 1970.
Muitos jovens compareceram ao ato chamado pelo Coletivo Merlino e pelo Grupo Tortura Nunca Mais, falaram representantes da UEE-SP, do DCE da USP e do DCE da UNESP, duas entidades que trazem no nome homenagem a estudantes mortos no período da Ditadura: Alexandre Vannucchi Leme e Helenira Rezende.
Foi lembrada no ato a reivindicação para que o governo abra todos os documentos da Ditadura Militar e a posição contrária ao argumento de que a Anistia teria sido válida para os dois lados, para os perseguidos políticos, que combatiam pela democracia, e para o Estado e seus braços armados que faziam o serviço sujo, torturando e matando nas prisões.
É impressionante que instituições que apoiaram a Ditadura ainda estejam em plena atividade e que muitos daqueles que participaram desse regime ainda estejam no poder. Um governo eleito pelos trabalhadores, com uma presidenta que também foi presa e torturada, deveria romper com os herdeiros da Ditadura Militar e se colocar ao lado daqueles que clamam por justiça.
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