(traduzido do site: http://www.cta.org.ar)
No dia 17 de abril de 2008 sucederam-se atos de repressão policial contra os trabalhadores da empresa recuperada IMPA e contra todos os colegas da Associação Nacional de Trabalhadores Autogestionados-CTA, que acompanham a luta pela manutenção da fonte de trabalho mantida de forma autogestionada por parte dos trabalhadores da dita fábrica. Para contextualizar cabe esclarecer que a empresa autogestionada IMPA tem estado em concordata de credores desde 1997 e pagou 90% da dívida. Ainda que tendo chegado a um princípio de acordo, faz menos de uma semana, com dois de seus credores, o juiz que cuida da causa resolveu pelo despejo de IMPA sem mediar nenhum tipo de negociação prévia e desconhecendo por completo as tratativas e acordos obtidos com ditos credores já citados. Assim é que ordenou o despejo pela força da fábrica, o qual se concretizou na terça-feira 15 de Abril de 2008, às 22 hs. É assim que no dia de ontem, 16 de abril de 2008, se juntou um nutrido grupo de trabalhadores autogestionados em apoio à fonte de trabalho dos companheiros da IMPA, e pela continuidade trabalhista dos mesmos na empresa que souberam recuperar e pôr novamente em funcionamento faz anos atrás. E neste dia, e para não sair de seu costume, a Polícia Federal reprimiu ferozmente a todos os colegas que mantinham a vigília na porta da fábrica. Sem mediar nenhuma provocação por parte dos colegas, senão simplesmente a pressão provocada pela presença no lugar e por manter viva a consigna de que “IMPA é dos trabalhadores”, é que a polícia começou sua provocação e repressão mediante jatos de água dos carros anti-distúrbio ao que continuou com os disparos de balas de borracha e gases lacrimógeno sem lhes importar para nada que dessa maneira podiam ferir gravemente, dado o estreito das ruas da zona, não somente aos companheiros que estavam ali senão que também aos vizinhos que conhecem e apoiam aos trabalhadores de IMPA. O resultado da feroz repressão é que detiveram a 35 companheiros, dos quais 20 são de IMPA e 15 de cooperativas pertencentes a ANTA (Associação Nacional de Trabalhadores Autogestionados). Por tudo isto solicitamos a todas as organizações, que estejam na senda da luta dos trabalhadores e pela reivindicação e defesa de seus postos de trabalho e por seus direitos, que difundam o sucedido da maneira o mais amplamente possível e também estar atentos a que SE TOCAM A UM NOS TOCAM A TODOS. Muito obrigado por sua atenção e abraços para todos.
Carta de Solidariedade aos companheiros trabalhadores da fábrica IMPA
Estimados companheiros,
Estimado companheiro Eduardo Vasco Murua,
Acabamos de tomar conhecimento do violento ataque que sofreram na Argentina e imediatamente decidimos organizar uma delegação ao Consulado da Argentina, em São Paulo, para exigir o fim da repressão e a devolução da fábrica aos seus trabalhadores. Como têm conhecimento aqui no Brasil sofremos a mesma repressão por parte do governo Lula, em 31 de Maio de 2007, que determinou a intervenção nas fábricas ocupadas, Cipla e Interfibra, com um tropa de mais de 150 policiais fortemente armados e que desde então tem adotado medidas para fechar a fábrica. Hoje passam de 300 os demitidos e todas as conquistas da gestão democrática dos trabalhadores foram revogadas, como a redução para 30h da jornada de trabalho com a manutenção dos salários. Um movimento muito importante de resistência e apoio à luta aqui no Brasil e no mundo se levantou contra o ataque fascista e a intervenção. Na época contamos com a importante solidariedade do companheiro Murua da IMPA. Sabemos que a unidade do movimento operário pelo fim da intervenção foi determinante para impedir a invasão da Flaskô cerca de 45 dias depois. Por tudo isso estamos organizando para os dias 27 e 28 de Junho um Tribunal Popular para Julgar a Intervenção nas Fábricas Ocupadas, no Brasil. Desde já queremos convidá-los a estar presentes com uma delegação da IMPA e de todo o vosso movimento. Sabemos que toda fábrica fechada é um cemitério de postos de trabalho e por isso os patrões e seus lacaios não podem aceitar que nossa classe se levante contra a barbárie que o capital e seus governos organizam, por isso eles não podem aceitar que existam fábricas tomadas pelos trabalhadores que seguem a luta em defesa dos interesses de seus irmãos pelo fim da exploração de classe. Por isso eles nos atacam, e se utilizam da mais dura repressão para nos tentar dividir, desmoralizar e fazer abandonar nosso caminho de luta para o socialismo. De outro lado, sabemos que a classe operária tudo pode, se sabe construir sua unidade e não se dobra aos interesses do capital. Os trabalhadores da IMPA têm demonstrado isso mantendo seus empregos nestes 10 anos. Por toda América Latina e no mundo vemos a resistência revolucionária dos trabalhadores cuja ponta de lança é a revolução venezuelana. Por isso nos somamos à dura luta dos nossos irmãos trabalhadores da IMPA pelo fim da repressão e exigimos que devolvam a fábrica a seus trabalhadores que há mais de dez anos têm lutado pelos seus postos de trabalho. Estamos à disposição dos companheiros para o que for necessário. Um ataque a um é um ataque a todos! Exigimos: Devolvam a fábrica a seus trabalhadores! Fim da repressão na IMPA!
Pedro Santinho – Coordenador da Flaskô (Fábrica sob controle dos trabalhadores/SP)
Caio Dezorzi – Pela Secretaria da Esquerda Marxista
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